sábado, 23 de março de 2013





  

COLOR BAR


É a fonte de luz, é a branca neve que já senti, é o doce em comunhão, é o sopro das bolhas de sabão na varanda, é o olho cortado de "Luis Buñuel", é o desenho do amor na projeção do futuro. No teu muro tem a poesia visual da tempestade e sobre o céu tem a chuva de granizo no dia da festa. Aqui dentro tem a alegria das crianças brincando no tapete da sala... Crash, boom, bang!E tem também na nossa cozinha o Hot-Dog da tia Sil, o azulejo português, o leite derramado,acho que tem lá no cesto de remédios, nenhum dos remédios. Só tem  chá de boldo e erva cidreira em cima da geladeira, tem caqui e a benção D'avó sentada lá no quintal, tem a raiz, tem o cheiro de bolinho de chuva, tem o meu filho com sono e tem a  mulher da minha vida nesse papel...É bom amar! Lá fora tem o café ao pé da escada e a Dona Rosa no jardim do além,tem aquela pausa de tudo. Eu fiz o mundo ser mágico! Eu fiz ele caber em uma lona de circo, eu fiz uma foto nossa sem nenhum foco, eu revelei coisas estranhas, revelei o verde (pois essa é a minha cor) revelei a menina de cabelo solto e encaracolado, ela tem o anel da Duquesa, ela tem a magia! Eu caminhei durante dias... Eu perguntei sobre a casa S|N°, eu encontrei  aquela pequena levada pelo vento, ela estava na ponta...Dependurada no balanço de cabeça pra baixo, reconstruindo seu coração de argila. Ela apontou o dedo e avisou-me com seu silêncio que todo o sentimento era uma falácia, uma bobice de dar dó...No fim, chorou que as minhas instantâneas nunca existiram, eram elas todas imaginarias. Eu voltei do sonho e parei no vinho, goles com "Chet Baker"...Há tempos! Mais no meu Cineminha particular existem algumas "Divas", na película "36 mm" tem Virgínia, tem Beli, tem Babi, tem Julia e tem a Menina que lê Foucault. Tem também a sereia e a abelha, e no fim do fôlego e do roteiro tem o teu olho azul (isso parece ser para sempre)...Happy End! Há, sim...Não posso esquecer...  Agora também tem o fim da minha poesia tola e fofa!O fim de um período! Agora é o foda-se!Eu arrombo a porta com a clava e a atitude tatuada,te pego pela cintura sem avisar,pois sou brega, canalha, belo, bruto e tenho a coragem comigo todas as noites. Tenho o "Steinhaeger" e as telas e a boêmia de "Toulouse Lautrec" eu tenho o direito autoral do "Eu Subversivo". Eu tenho o "Gótico", o "Barroco", a "Geração Beat", o "Cinema Novo" e  "Woodstock", tenho o filme do "Woody Allen" e a poesia de "Rimbaut". Agora é tempo da entrega das chaves e das notas do subsolo. Eu já dormi na rua, eu já dormi e transei na cama da poetisa , eu visitei o Mar de Iemanjá, eu abri toda a Íris e fiquei cego, eu grafitei os fogos de artifícios, eu cravei o foguete no olho da Lua, eu  escrevi sobre São Francisco, eu andei no caminho do meio, eu ando no meio fio, na trincheira eu orei por você, eu te pintei na parede da casa de Deus, eu te desejei, eu escutei "Like a Rolling Stones" esquentando os teus dedos, sussurrando  "Você é minha" no teu ouvido. Eu voltei e olhei pela fechadura da casa S|N° eu vi o Camaleão postado no "Aquário Azul Fantástico",  ele observava os meus passos,ele mirava o meu olho castanho claro. Eu vivi na Glória e no subterrâneo,eu bebi meus amigos e me perdi pelas vinhas...Evoé! Eu li a Bíblia, eu doei minha veia,  eu derrubei o altar, me converti ao rock and roll, eu me tornei inquebrável e ilusionista. Sou "Sonic Youth" no teu ouvido. Sou Aires domando você bem por cima de você!

No eixo sou  os meus sentidos soltos flutuando sobre a casa mágica, sobre a flor que sobrou e  sobre o fim!

Mais tem a virada e o fim do ato, tem o risco, o rabisco e o corte seco da edição, tem o colchão no chão e a luz magenta que tinge os teus seios e as tuas cavidades,tem o espelho e  nele a tua sobrancelha feita, as tuas unhas vermelhas arranhando a parede branca. Vem?! vamos arrancar a casca da tinta, borrar a noite sobre o teu suspiro...Quebrar a janela da alma, lançar o nosso corpo entorpecido no risco do apego, do prazer, do torto, do calor. Tem o fogo que vem do quintal! Ele consome toda a lição de casa, a lista de paradigmas, os balões, ele queima o banco, o sofá laranja, o álbum branco, as cartas do meu pai, o pôster da Bailarina afogada, os filmes do " Méliès", a Galharufa...A placa com o "Não" e tudo mais que achei debaixo da cama! É a Ponte...Agora é chegada a  hora da minha partida...Vejo a grande travessia! Há de ser a sonhada éspera nas reticências... Pode ser!Talvez hoje receberia a surpresa do fim de todos os meus dias...Então me abrace. Agora tem o resto do vinho e eu aqui sentado na escada, olhando o rescaldo e os olhos giratórios do camaleão... jogado no colo de "Seshat" e com o sorriso dado e ato-a, consumido por "Baco", consumido pelas chamas! Lá no quarto o fim do filme, color bar na TV e "The Doors" no volume máximo, "Love me two times,i'm goin' away"...Vem?!








É a fonte, é a branca neve que já senti, é o doce em comunhão, é o sopro das bolhas de sabão na varanda,é o 








                                                                jk








Um comentário:

  1. sensacional.
    você realmente ficou muito bom nisso!
    vou te visitar mais. luz!

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