sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013




 Dois...




[Luz no plano esquerdo- A Atriz esta sentada, ela canta e acaricia sua barriga -Foco no plano direito- o Ator coloca um disco de vinil em um toca disco portátil – música-]


TELL

Passei a me acostumar com a rotina. Eu lia os livros que viviam jogados pela casa, mais tarde descobri que a maioria dos livros era de um cliente pseudo-intelectual de Anne, há... Era dele o Baudelaire. No demais, eu Jantava, almoçava, tomava meu leite e ouvia os discos na hora combinada, meu gosto era variado, de Coltrane a Sebastian Bach, de Piaf a música Húngara, e assim por diante. Anne me trazia alguns discos novos, junto às pastinacas, ovos e o sorvete de pistache, eu dizia a ela que eu odiava sorvete de pistache, ela ria e se punha a lambuzar com o tal sorvete. À noite me trazia chá e fechava a cortina da janela vermelha, deitava-se por cima de mim e apagava a lamparina. Já não me incomodava a clientela de Anne e nem os risinhos e gemidos, agora já imperceptíveis. Eu já não sabia mais do meu amor por Anne. O que acontecerá?  Mas continuava a pensar nela, de alguma forma. Será que ela era a mesma do banco? E eu era o mesmo do banco?  Je sais pas!



jk...



terça-feira, 12 de fevereiro de 2013





O Quadro de Klimt

                        

Parte I (com filtro)

Ábdito a alma que ama, abrevio a Ventura...
Indago os mosaicos colados por ti... No cartão-postal.
O teu Amor...
Aspirado por mim em um dia monocromático, e
inspirado (talvez) pelo entorpecente sopro idílico.
Já contraída a paixão nas noites imensas e dionisíacas... Ou
nos sonhos em super 8 mm,
nas lembranças de cores saturadas...
E nos meus passos matinais...
O joelho ainda dói!
Espere...
Vamos voltar juntos, preciso dizer:
É Sobre os adjetivos que sempre te envio... Sobre as Polaróides...
Sobre o preto e branco e o rabisco de um talvez...
No profundo e nesse ínterim,
quero obter tua verve única, e te revelar em telas abstratas.
Tu e teu amor jamais explorado!
Ábdito assim o meu sentimento, ao menos mais uma vez... 
Só por hoje!
Pois amanhã, será Deus o nosso tempo.
Eis nossa Aventura...
Eis-me aqui, ávido pelo o ouro de teu beijo! 
















Parte II (sem filtro)


Correndo da chuva!
Sem sinal, sem linha...
Sem Quadro algum na parede!
Vejo Tarkovisky, releio Dostoiévski, escuto Tchaikovsky...
Besteira tanta vodca!
Não Basta!
A resposta se encontra na rua, no sinal verde, nas mãos dadas...
É isso! Agora...Volto a viagem introspectiva,
eu restauro o “Quadro de Klint” em teu beijo...
eu revelo nele o silêncio... Derramado e Imersível.
E aqui... Na tela branca... Na ponta do pincel N°5/0
No ponto de fuga, na tal anomia , na tinta seca,  que...
O Dilúvio vem ao som de Bach (St. Matthew Passion) Erbarme Dich...
É profundo quando se sabe ouvir... É que...
O amor não espera, ele vai e cai em algum lugar... 
É nessa hora que te sobra tanto ...
Que me basta aceder e crer nesse belo que nos permeia.
Abstraindo os temores e o não amor... 
A busca? A lenda de Danae? O blá, blá, blá do pensamento... O beijo!
Qual é o quadro?
Eu achei... É ele pendurado aqui.
Eis o Dourado de Klint, o amarelo girassol e o chá quente sobre a pia...
Na Retina a Flor do Sol... Ela gira á procura de luz, não dos vasos...



















( **Que... Vaza, escorre pelo corpo... Borra, bagunça, dança e renasce dourado. É tanto...)


                                            Letra|jk...