Dois...
[Luz
no plano esquerdo- A Atriz esta sentada, ela canta e acaricia sua barriga -Foco
no plano direito- o Ator coloca um disco de vinil em um toca disco portátil –
música-]
TELL
Passei
a me acostumar com a rotina. Eu lia os livros que viviam jogados pela casa, mais
tarde descobri que a maioria dos livros era de um cliente pseudo-intelectual de
Anne, há... Era dele o Baudelaire. No demais, eu Jantava, almoçava, tomava meu leite
e ouvia os discos na hora combinada, meu gosto era variado, de Coltrane a Sebastian
Bach, de Piaf a música Húngara, e assim por diante. Anne me trazia alguns
discos novos, junto às pastinacas, ovos e o sorvete de pistache, eu dizia a ela
que eu odiava sorvete de pistache, ela ria e se punha a lambuzar com o tal
sorvete. À noite me trazia chá e fechava a cortina da janela vermelha, deitava-se
por cima de mim e apagava a lamparina. Já não me incomodava a clientela de Anne
e nem os risinhos e gemidos, agora já imperceptíveis. Eu já não sabia mais do
meu amor por Anne. O que acontecerá? Mas
continuava a pensar nela, de alguma forma. Será que ela era a mesma do banco? E
eu era o mesmo do banco? Je sais pas!
jk...