sexta-feira, 27 de abril de 2012



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Trechos do Texto:

"O FANTÁSTICO E FABULOSO MUNDO DE MÉLIÈS"
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MÉLIÈS
Lucien, que tal de termos um filme colorido?
LUCIEN
Como ira conseguir essa proeza, Méliès! Que avanço tecnológico tem para tal efeito?
[Mostra-lhe o pincel] 
MÉLIÈS
Ora... Não há avanço tecnológico nenhum, apenas o simples e funcional pincel. Pintarei fotograma a fotograma de “Le Diable au covent”, pintados a mão com muita paciência e dedicação.
LUCIEN
Le Génie  Méliès! Essas ideias só podem provir dessa ilustrada careca, que brilham feito suas ideais.
MÉLIÉS
Sensationnel, Lucien! É sempre bom trabalhar com humor, foi por isso que escolhi essa profissão. Trés Bien... Irei terminar essa nova arte em casa, no meu esperado repouso.Oui!Hoje continuaremos á sequência do “L’affaire Dreyfus”
[Méliès pega os textos encima da mesa]
Vamos à distribuição dos personagens... 
Lucien você será o “Capitão Dreyfus”... Eu serei o “Maitre Laborit”, o defensor do capitão. Agora só falta-me o soldado da corte marcial.
[Observa o Jardineiro]
Abracadabra! O senhor que esta regando o que sobrou do jardim?!
LOUVEL
Moi!
MÉLIÉS
Oui!  Qual o seu nome, ”mon noble signeur”?
LOUVEL
Louvel, Senhor!
MÉLIÈS
Félicitations Louvel! Hoje o senhor será presenteado com seu primeiro papel artístico, você protagonizara o “Soldado da corte marcial”.
LOUVEL
Mas senhor! Eu estou cuidando do seu jardim, é preciso terminar o serviço ainda hoje.
MÉLIÈS
O que você fará, não será muito diferente. Agora me passe o seu regador e tome o seu texto. Bonne chance!
LOUVEL
Merci!





JK




quinta-feira, 26 de abril de 2012





 O último bilhete de geladeira
O ignoto coração é feito de suas (s)obras! Ate-a fogo e padece na (re)volta de tua forma.
Tonto, bate forte... Ferido na tua tola morte.
A ignorante alma e feita de seu pe(n)sar! Bate ao vento e emerge do re(volto)  mar.
Torta, voa frágil... Perdida na tua solta sorte.
 JK + letra e foto


sábado, 14 de abril de 2012



KUBRICK + SCORSESE =








Gênesis 7, Versículo 9.

É uma arma branca em um peito aberto, em minutos...
Separando a carne imunda para o avesso do sétimo dia.
Talvez, Noé não tivesse razão... Então!
Sem resmungos, vou ruminando sobre a ração, na minha porção.
Não me incomodo, sei que irei me acomodar no devido lugar.
Concentrando-me no quadrado...
E o sozinho vizinho novilho ao lado a me olhar,
e eu a olhar este mar de esterco á frente, e o
o leitão são na flagela de sua engorda,
com o seu sonho de Alentejo acima de seu focinho.
Econtro o teu  alento no festejo para com seus pedaços,
em um futuro sábado mundano qualquer.
O corpo não gira, a cabeça imagina...
Há o abetodouro no alto junto ao curtume azedo,

o odor a arder as minhas dores...
Estico-me no  barro e vou bebericando,
são goles abismais, tropeços de absinto.
Vivo no fim, cada dia na fila certa do canto do curral,
no cruel destino ao cair no prato do padre ou
despejado na pedra do despacho.
Na saída da porteira, vou às estribeiras...

Á liberdade da morte, bem aventurada seja!
Procriarei azia no culto, azia no pecado do cachaço da cidade.
Pois eu sei que a costela vai saltar, vai assar nas bocas crentes.
Com uma marca na embalagem e uma mancha roxa no rabo...
No natal ou no carnaval... Alguém pediu meu pernil?
Foi àquele senil pastor! Dei-me minha maça, senhor!

JK


terça-feira, 10 de abril de 2012



Luz
Apague essa luz...
Olha o baixo, abaixa!
É a bateria, agache!
Sua cabeça bate, dói...
Não nos delate! Corre...
do burro e do murro, na levada do bumbo.
E eu te espero em cima do muro,
no alvo, na curva , na cova.
Embaixo do corpo sem idade.
Na guia, na cidade, atrás do poste pichado,
fichado com o cano na boca,sem Dropes

pisado com boa dose de Dops.
Escute o surdo e pise fundo...
Sem sussurros! Estamos nus e mudos,
lá no baixo Luz, no porão sem cruz.
Na forca sem benção, na força que falta,
Colhendo o som da cabeça que rebate
nas grades, no chumbo.
Acenda sua vela, Faça-se a luz!
Sem tambor? Sem amor!
Eis só o gole dessa dor,
na batida do atabaque para bater teu orixá,
Sem gira, no batuque da ira.
Bate, bate... Até não bater mais,
olha o breque, olha o apito!Ficou vivo?
Vai ser na sombra da queda ou pendurado pela janela?
Um tiro no ouvido, Estampido... Choque!

Não chore, apenas volte e toque aquele acorde.

Acenda essa luz...
Faça-se jus!

jk___



capovilla-peixoto-vlado








Estranhem o que não for estranho.
Tomem por inexplicável o habitual.
Sintam-se perplexos ante o cotidiano.
Tratem de achar um remédio para o abuso
Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra.


                                        bertoltbrecht                                           

 













homenagem-a-fernandopeixoto







 




domingo, 8 de abril de 2012




    samuelbeckett

"Não somos mais nós mesmos nessas condições, e é penoso não ser mais você mesmo, ainda mais penoso do que sê-lo, apesar do que dizem. Pois quando o somos, sabemos o que temos que fazer para sê-lo menos, ao passo que quando não o somos mais somos qualquer um, não há mais como nos apagar."

quinta-feira, 5 de abril de 2012

 

 

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BRIZA

No barco me calo e bocejo ao som baixo do fado,
velejo no meu mar e atravesso pelo teu avesso,
pesco os seus sonhos entre tufões e os náufragos,

viro a página vazia e encho-me de ondas pacíficas.

Busco em ti pela boa briza da tarde, apenas em teu olhar,

Serenamente e com os pés apoiados em teu colo; á observando...

No Profundo azul de teus olhos.

Ancorado, escrevo sobre a sombra as nossas sobras,
construo amigos entre areia, neblina e vento,

vigio os cavalos marinhos, e desenho as rochas com carvão,
reformo o amor com gravetos e um pouco de cor,
Invento uma sereia e retiro teu en(canto) pela dor,
acho o vosso santo, toco teu céu, caio pela cólera.
Tranco-me em um velho escafandro no fundo do oceano,

me inundando de Magóas...Mudo para o Mundo acima.
Emanando o som das conchas, afogando-me entre tuas cochas. 
Solto; cruzo o revolto índico a nado, tocando o outro lado seco,
cego de sal, ferido de anzol, suspenso por linhas e arpões,
carregado por Orcas e Cachalotes, arremessado ao píer,

suspirando o sol, apontando a gaivota e o seu voo final,
envolto na fina rede do teu dolente pescador.
Calado no cais do lado de cá. Aportando...
Encerrando o fardo desse além-mar.
 (JK) letra e foto.
  






Separação

O resto é silêncio, não é?
Recebi  ¼ de melancolia, sim!
Chegou hoje pelo correio, via você.
Deve ser o fim do primeiro ato, talvez...
Não li o Primeiro Amor, muito menos o ensaiei,
nem eu sei se a separação é com Legenda.
Na mesa cafona o papel borrado e eu por cima,
A bic azul esta na mão...Azul, quase sem tinta.
A preguiça de insistir na dúvida.
Devo digitar o “ the end” ?
Será imparcial e fingido se você aceitar?
É um Filme mudo, é a arte do que sobrou,
bruta e com escombros, é assim...
É tolerante e cômodo, é tudo fixado com dor
Mais ainda há os móveis planejados,
além de algumas datas a comemorar,
o chá frio na pia, a solitária escova de dente,
o resto da cor verde e o teu mel pelo sofá laranja
Esses ficaram, sinto muito!
Precisamos de uma prece de pressa
Antes do sol e da falta de fé!
O resto é solidão, não é?

J.K                                                                                                                                           >Letraefoto






A Gérbera Amarela
Dia perfeito,
sol que fere a retina!
Solta a gérbera amarela na janela vermelha,
recolocada, perfeita na tua mentira.
O sol permanece só, solto ao seu dispor...
Todos despertam para o lado.
Despencam pesados, presos no vácuo,
em seus erros deportados e liquidados.
Caem às gérberas, desfeitas em teus vasos vazios,
colocada e imperfeita na janela do canto.
Esqueço-me e suspenso o que penso.
Deito-me em teus defeitos e espero mais...
Um dia desfeito!

[jk]                                                   [letraefoto]